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Transparência e empatia: elementos cruciais para a conquista de confiança na ciência

Redação Biofocushub

Nossas preocupações e medos mudam em função do tempo e cenário em que estamos inseridos. E o que dizer de 2021? Depois de um ano marcado pela pandemia de Covid-19, crise econômica, apelo global contra o racismo sistêmico e instabilidade política, com certeza nossas ansiedades mudaram. 

A desconfiança generalizada, nas instituições e nos líderes de todo o mundo, pipocou nas matérias ao longo do ano passado. O que se confirmou logo no início de 2021, com os resultados da pesquisa Trust Barometer conduzida pela agência de comunicação Edelman. Resumidamente, a pesquisa online que contou com 33 mil participantes de 28 países ao final de 2020, revela grande queda de confiança nos governos, nas empresas, nas religiões organizadas e na mídia. Com isso, a própria Edelman sugere que chegou o momento das quatro instituições trabalharem pela reconstrução da confiança, traçando um novo caminho para seguir daqui para a frente.

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Por outro lado, o reconhecimento do papel dos empregadores e dos cientistas como fontes confiáveis é algo para não se perder de vista. É preciso valorizar essa atribuição e alertá-los que devem ser fonte de informações factuais e imparciais para que essa confiança se mantenha. Ambos estão bem posicionados para fazer isso: “A liderança da empresa em que trabalho” e os “cientistas” foram apontados como as fontes de informação mais confiáveis, superando o governo (41%) e mídia (jornalistas) (45%). 

A pesquisa mostra que mais da metade dos entrevistados acreditam que a mídia (59%), o governo (57%) e os CEOs (56%) estão deliberadamente tentando enganar o público compartilhando informações falsas. Em um mundo de desinformação, onde algoritmos determinam o que as pessoas devem ler em função das suas próprias crenças, como podemos reconstruir a confiança necessária para promover a aceitação da ciência e da inovação? 

Os setores de tecnologia (70%) e saúde (66%) estão entre os mais confiáveis. Porém o questionamento que fica é se os principais atores desses segmentos – empresas farmacêuticas, de biotecnologia, de alimentos e hospitais – irão alavancar essa confiança para resolver questões emergenciais, ou perderão a oportunidade ao deixar de agir. 

Uma forma interessante para construir confiança é explicar melhor o que e como esses setores trabalham. Falar de forma transparente sobre o que se faz. Estabelecer uma comunicação clara sobre como o setor opera. Presenciamos essa tendência quando se abordou o tema das vacinas. Foi essencial explicar como os pacientes são escolhidos para os ensaios clínicos. Mostrar como as vacinas são desenvolvidas e como as prioridades são determinadas. E vimos o turbilhão gerado no Brasil, quando essas respostas não foram claras.

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E não para por ai! No momento em que “mudanças climáticas” aparece como uma preocupação anterior ao de se “contrair Covid-19” e, que por sua vez fica atrás do “medo de se perder o emprego”, não podemos negligenciar o tema. Por outro lado, dada a confiança nos cientistas e na tecnologia, existe aí uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. Além de fatos e clareza na comunicação, a pesquisa também mostrou o quanto estamos preocupados com os mais próximos. Portanto, a confiança vai despencar se as abordagens forem desconectadas de empatia e atenção às preocupações e medos das pessoas.

Que em 2021 possamos ajudar a preparar comunidades com conhecimento para recuperar vidas e autossuficiência. Chamar a atenção para a desinformação quando a vemos, apoiar as comunidades científicas e criar espaços para o engajamento. Finalmente, quando estabelecermos pontes sólidas, consolidaremos a confiança e trocaremos experiências nesse novo ecossistema.

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